* Por Alú Rochya
Zombando do espírito da sustentabilidade evocado a exaustão na
Rio+20, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Brasil,
Altino Ventura Filho, afirmou que “a energia solar ainda não é viável
economicamente”. Segundo ele, a resolução aprovada recentemente pela Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que permite ao consumidor instalar
painéis solares em sua residência e descontar a energia produzida por eles na
sua conta de luz, não tem condições de estimular a indústria solar no Brasil, “devido
ao custo elevado dos equipamentos”.
Durante o seminário “Setor Elétrico Brasileiro e
Sustentabilidade”, evento paralelo da Rio+20 o secretário tentou espantar qualquer idéia em torno ao uso da energia solar dizendo que o consumidor que quiser
instalar esse tipo de equipamento em sua casa terá um gasto entre R$ 15 mil e
R$ 20 mil e sinalizando que “o Brasil tem opções mais baratas do que a energia
solar”.
Basado nesse argumento, Ventura Filho aventurou que a resolução
da Aneel “não vai trazer indústrias e a tecnologia” para o Brasil. E afirmou
que “a viabilidade econômica não se justifica” e que “os brasileiros acabariam
sendo meros importadores de painéis solares da China”.
O funcionário escondeu -deliberadamente?- os dados que ele
conhece de primeira mão. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), existem
hoje regiões no país em que a energia solar já é economicamente viável e essa
constatação está detalhadamente explicada no estudo que este mesmo mês de
junho de 2012, a empresa estatal entregou ao Ministério de Minas e Energia ao qual pertence o secretário.
Uma alternativa em expansão
O crescimento da industria de aquecedores solares nos últimos
anos levou o Brasil a ocupar oficialmente o 7º lugar no mundo, logo atrás do
Japão, no mais recente ranking mundial elaborado pela Agência Internacional de
Energia (AIE). Com crescimento médio anual na casa de dois dígitos – entre 15%
e 20% –, a indústria nacional busca avançar mais rapidamente, e saltar dos
atuais 8 milhões/m2 de placas solares instaladas para os 15 milhões/m2 por
volta de 2015, podendo superar a Alemanha, o terceiro produtor detrás da China
e dos Estados Unidos.
Com mais de 200 fábricas espalhadas pelo Brasil, mais de 20.000
funcionários e uns 3.000 revendedores, a tendência é do setor se converter em uma forte industria nacional até com projeção exportadora. Faturando hoje por volta
de R$ 500 milhões anuais, a atual produção de 1,2 milhão/m2 pode ser
triplicada, simplesmente a partir da adoção de mais turnos de trabalho.
A fabricação e venda de aquecedores solares pegou carona em
programas habitacionais do governo federal, como o Minha Casa Minha Vida, mas
chegou à posição em que se encontra graças à demanda natural do mercado que
registra, aproximadamente, uns 40 milhões de brasileiros que ainda usam o
chuveiro elétrico e são potenciais usuários do artefato ecológico.
Longe das afirmações do secretário, a expansão já trouxe do
exterior tecnologia avançada. Chegou da mão da empresa alemã Bosch, que acaba
de investir pesado no setor, instalando sua fábrica de aquecedores em
Alphaville, São Paulo e organizando umas 200 revendas para a comercialização de
seus produtos já reconhecidos internacionalmente.
Então? Como entender as declarações de Ventura
Filho? Simples. No mesmo lugar e no mesmo evento, ele defendeu ferrenhamente o polêmico projeto da usina hidrelétrica de
Belo Monte, em construção no rio Xingu, no Pará. Ele gosta desse tipo de empresas. Por quê? Talvez pelo fato de Ventura Filho ser na atividade privada, consultor de empresas hidrelétricas, talvez por ser um homem de confiança do ministro de Minas e Energia, Edílson Lobão, quem também defende abertamente a opção das hidrelétricas. E, sendo assim, por uma causa ou pela outra, poder-se-ia dizer que Ventura Filho é um lobista.
O chuveiro, esse vilão
O governo federal calcula que o chuveiro elétrico seja
responsável por 47% da demanda de energia residencial no horário de pico,
segundo levantamento do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
(Procel). Por isso vinha estimulando formas de incentivar energias renováveis,
entre elas o aquecimento solar. Mas sempre achando a oposição da turma de Lobão
e Ventura Filho, personagens que usam os cargos públicos para proteger interesses privados que obstaculizam a transformação da matriz energética do Brasil para proteger seus esquemas de lucro.
Chuveiro elétrico é a pior de todas as opções. É simples
para o construtor, sua instalação é barata, mas tem um impacto muito grande
sobre o setor elétrico e sobre os gastos do consumidor. Com potência 20 vezes
maior que a de uma geladeira, o chuveiro elétrico é o item que mais pesa no
consumo doméstico, podendo representar até 60% da conta de luz de uma família. Isso
dá uma dimensão de quanto a busca por alternativas pode impactar no sistema
energético do país.
Falar que o custo que teria uma família para fazer uma instalação
de energia solar vai de R$ 15 mil a R$ 20 mil é absolutamente desonesto e visa desestimular o uso de essa fonte energética. Claro que, dependendo da sua
demanda, você pode estar gastando todo esse dinheiro ou mais ainda. Mas o que o secretário
não disse é que um aquecedor solar para substituir o chuveiro elétrico você
consegue no mercado a partir de R$ 800. Também omite dizer que para alimentar um computador, um
monitor, um roteador e modem, mais um televisor, uma play station e algumas lâmpadas
você precisaria de duas placas solares que, já instaladas, custariam uns R$ 2.800,
sendo que, no final, pagará isso tudo em
1 ano e meio com a redução dos gastos na conta de luz. E levando em conta o tempo útil das placas, durante uns 20
anos você não pagará mais um centavo.
Começar a usar alternativas ecológicas como as placas
solares ou o aquecedor solar faz parte das mais básicas decisões que debemos
adotar para mudar o mundo a partir de nosso mundo particular. Botando um
artefato do tipo estamos passando a usar uma energia poderosa, limpíssima,
renovável e segura como a energia do Sol. Ao poupar dinheiro estamos disponibilizado ele
para a cobertura de outras necessidades pessoais ou familiares sem termos que trabalhar nem produzir mais. Ao
reduzir o uso de eletricidade também estamos diminuindo o impacto ambiental que
produz a geração dessa energia hoje tão necessária. E, finalmente, aliviamos a nossa incomoda dependência de extensas
e complexas redes de fornecimento de eletricidade das quais depende até nosso imprescindível
e relaxante banho quente.
Se nossa eletricidade provem de longínquas usinas, sempre ficaremos expostos a decisões alheias respeito à administração do fornecimento (racionalização, cortes programados, preços, etc) e até a qualquer blecaute -mesmo pela simples queda de uma árvore. Em câmbio, a usina de energia solar sempre está em casa, nós somos quem
controlamos o fluxo da energia e seu funcionamento é bem simples, como no
caso do aquecedor solar que você poderá conferir no seguinte vídeo. Então, deixo com você uma sugestão: mande
uma banana para o secretário cara-de-pau e faça amizade com o Sol. Você verá que será
tudo de bom.
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