Lâmpadas de garrafas pet

domingo, 17 de junho de 2012


Foi em 2001, com a notícia do risco de um apagão, que o mecânico mineiro Alfredo Moser teve a luminosa ideia: usar garrafas pet cheias d'água para alumiar cômodos escuros durante o dia, sem usar energia elétrica. Cada garrafa é encaixada num buraco no telhado, fazendo com que os raios do bendito Sol se refracionem e se espalhem no ambiente. O resultado é uma iluminação equivalente a uma lâmpada com potência entre entre 40 e 60 watts. Simples e barata, a ideia ultrapassou os limites de Uberaba, cidade onde foi inventada,  e ganhou o mundo, chegando à África e à Ásia.

O acesso à energia é um dos temas que serão debatidos na Rio+20, encontro que, vale a penar lembrar, não tratará apenas questões do meio ambiente. O eixo tem mais a ver com o social, a fome e direitos humanos básicos, num mundo que começa a levar mais a sério o quesito da sustentabilidade. No tema da energia é bom sinalizar que a ONU estima que ainda viva  sem eletricidade um quinto da população mundial. E para essa carência a lâmpada pet pode resultar uma  boa resposta.

Tudo começou quando, em 1975,  Moser trabalhava como mecânico em uma empresa de telecomunicações em Brasília e ficou assustado com a notícia da queda de um avião. “A gente ficava se questionando se acontecesse com a gente, como daríamos sinal para o resgate. Nosso chefe, na época, disse para colocar água num vidro e colocar na direção do sol. O calor colocaria fogo no capim, fazendo sinal”, relembrou.

Com essa "lente improvisada" na cabeça, o mecânico teve a chance de usar a dica na prática, mais de duas décadas depois, quando surgiu o risco de um apagão no Brasil. “Fiquei apavorado com aquela notícia. Daí resolvi usar minha ideia, mas com garrafas de plástico. Adicionei água limpa, duas tampinhas de água sanitária, peguei um pedaço de filme de máquina fotográfica para proteger a tampinha da garrafa do sol, coloquei no telhado, e pronto”, disse.

Segundo o inventor, as lâmpadas são ideais para serem usadas durante o dia nos cômodos menos iluminados. “Em um corredor que é escuro ou um banheiro, nem precisa acender a luz. Acende e apaga sozinha”, disse.

Os vizinhos adotaram a ideia também. Até um supermercado do bairro usa garrafas plásticas para iluminar o ambiente. Além de ajudar o meio ambiente, a iniciativa gera economia para o usuário.



A ideia de Moser foi adotada pela MyShelter Foundation, que ainda este ano pretende chegar à marca de 1 milhão das lâmpadas de Moser instaladas nas Filipinas (foto acima). Somente na capital daquele país, Manila, a organização estima que haja 3 milhões de casas sem energia elétrica.

Por depender da luz solar, o dispositivo não ilumina à noite. Mas para famílias pobres, das quais muitas vivem em favelas em que um barraco está grudado em outro, sem janelas, ter mais luz durante o dia já é de grande ajuda.

Outro lugar distante onde a invenção de Moser está servindo para iluminar casas de famílias carentes é Nairóbi, no Quênia. Em Korogocho, uma região de favela, uma organização está instalando as garrafas desde o ano passado. Foi um morador dessa área, o jovem Matayo Korogocho, quem viu no YouTube um vídeo que mostra a invenção do mecânico mineiro. Ele cresceu numa casa em que não havia dinheiro sequer para comprar querosene para iluminação mas agora todos os cômodos estão iluminados com a lâmpada brasileira.

|Via G1
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