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* Por Alú Rochya |
E claro, ouvindo a letra que logo no início anuncia que um índio descerá de uma estrela colorida e
brilhante... e pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro
instante, pelo menos uma parte da profecia lanzada ao ar em 1992 parece
estar se cumprindo nesta Rio+20. E uma outra parte parece se anunciar
misteriosamente nessa descida de tanto cacique, chefe, pajé, bruxo trazendo
suas reclamações ambientais e territoriais mas também suas mensagens e rituais
sagrados e até hoje ocultos para o grande público, justamente no simbólico ano
de 2012, o ano da profecia maia do fim dos tempos.
Um índio + 20 (+100, +200, +300, +1.000)... Centenas de
indígenas procedentes de três continentes se reuniram no Rio de Janeiro para
acender o "fogo sagrado" que alumiaria os espíritos durante dez dias
de atividades paralelas à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável Rio+20. A
cerimônia foi celebrada em uma aldeia chamada Kari-oca, instalada pelos
próprios indígenas em uma área florestal no bairro de Jacarepaguá, zona oeste
do Rio de Janeiro.
Ativo participante da Cúpula dos Povos, o líder maia Tata Pedro Cruz, procedente da Guatemala,
afirmou que o fogo sagrado significa "o espírito de Jau (Deus) que está em
cada pessoa" e representa uma "mensagem de amor, de unidade e de
irmandade".
O chefe sioux Phil Jane, natural do Canadá, afirmou que
"hoje é o dia em que comeca o
cumprimento das profecias" no qual os povos que acreditam na proteção da
natureza "vão se levantar com um só coração".
"Quando a última árvore for cortada, quando o último
rio for poluído, quando o último peixe for pescado, aí sim vocês verão que
dinheiro não se come..." Essa advertência visionária feita pelo grande Chefe
Seattle em 1856 é apenas uma amostra de quanto os povos indígenas foram sempre conscientes
e protetores da Mãe Terra, reconhecendo, com humildade, o óbvio: que dessa mãe
a gente mama e, por tanto, é graças a essa teta que sobrevivemos. Então, preserva-la
e cuida-la é um mínimo exércicio de inteligência.
A grande escuridão
Quando, a mais de 500 anos, aqueles apaixonados e aventureiros
navegantes ingleses, franceses, holandeses, espanhois e portugueses se
encontraram com esse portentoso continente batizado mais tarde como América,
tudo corria numa boa por estes vales de Deus. Teto-abrigo-comida mais amor-saúde-paz
jamais faltavam. Quer dizer, se tinha tudo o necessário para fazer a experiência
humana que viemos a realizar no planeta Terra.
Na hora em que aqueles aventureiros navegantes pisaram solo
americano se transformaram em conquistadores avassalantes, arrasando com tudo
que se interpusesse no seu caminho até El Dorado, um lugar imaginário, uma ilusão
de achar o ouro eterno que lhes daria poder eterno e acesso eterno às eternas
invenções humanas. O final é conhecido. Jamais acharam o que não existia e o
custo da imbécil aventura resultou alto demais.
Uns 5 milhoes de índios foram dizimados. Toda a organização
e cultura nativa, foi devastada. E o sagrado modo de viver harmonizado e em paz
com a natureza do planeta e a natureza cósmica foi arrasado.
A maioria daqueles conquistadores faziam parte do lixo
humano de uma Europa já em decadência. Ladrões , assasinos, esteloniatários, estupradores.
Homens sem Deus, de alma podre fazendo uma vida desacralizada, apostando tudo
na salvação da matéria. Frustrados pelo fracasso de não achar o cobiçado ouro decidiram
se apropriar das terras alheias. E por esse caminho da roubalheira acabaram
construindo uma civilização predadora, cheia de invenções inutéis que até hoje consumimos
sem parar, devorando cinícamente os recursos. Uma civilização afastada das leis
da natureza -como acontece com a soja transgénica- que destrói a terra colocando
em risco nossa elementar sobrevivência.
Na época daquele monumental arrastão que se levou, como um
impiedoso furação, o teto-abrigo-comida dos nativos e o amor-saúde-paz das várias
tribos, os grandes caciques foram advertidos pelos espíritos das divindades. Uns
tempos de grande escuridão estavam começando. Tempos donde o pior do ser humano
iria a se revelar. Um ciclo civilizatório estava acabando, alcançando o seu
paroxismo.
O fim dos tempos
Mas esses tempos teriam um limite, uns 500 anos. Pois depois
de alcançar o apogeu, só restaria a descida. E assim como o momento mais escuro
da noite é justo mesmo antes do amanhecer, assim aconteceria com o planeta e
com a humanidade. Finalmente, chegariam, como contam as profecias maias, o fim
dos tempos escuros.
Um índio + 20 (+100, +1000...) parecem estar saindo da larga noite, e chegando até nós, trazendo o fogo sagrado, a luz de um novo amanhecer. Incas, sioux, iorubás, caiapós, guaraníes, aztecas, terenas, bambaras, mapuches, inuits... Nosso vovôs, voltando do além, trazendo as mensagens de seus manuais estelares para nos ajudar a parir uma nova civilização. Trazendo a mais avançada da mais avançadas das tecnologias que vem embutida na mais avançada das mais avançadas das energias cósmicas que é o amor.
Um índio + 20 (+100, +1000...) parecem estar saindo da larga noite, e chegando até nós, trazendo o fogo sagrado, a luz de um novo amanhecer. Incas, sioux, iorubás, caiapós, guaraníes, aztecas, terenas, bambaras, mapuches, inuits... Nosso vovôs, voltando do além, trazendo as mensagens de seus manuais estelares para nos ajudar a parir uma nova civilização. Trazendo a mais avançada da mais avançadas das tecnologias que vem embutida na mais avançada das mais avançadas das energias cósmicas que é o amor.
Para os antigos povos andinos o fim dos tempos de escuridão
aconteceria com o retorno de seu grande senhor Viracocha. Para os maias seria
com a volta de Quetzalcóatl, a Serpente Emplumada. Para outros seria com a
volta do Pai Seta Branca, o mesmo que teria inspirado Caetano para anunciar a chegada
de um índio que viria a nos revelar algo surpreendente, não por ser
exótico, mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto quando, na verdade,
terá sido o óbvio: "Quando a última árvore for cortada, quando o último
rio for poluído, quando o último peixe for pescado, aí sim vocês verão que
dinheiro não se come...".
O clima que rodeia a Conferência Rio+20 é de muita reclamação.
E quase tudo que é cobrado e denunciado faz sentido. A declaração final do
evento e os compromissos que adotarão os governos não será tudo aquilo que é necessário
para reverter o atual desastre civilizatório. Mesmo assim já será um avanço, uma
forma de concientizar o mundo.
E ainda assim, não será o mais saliente e determinante. O mais
importante deste evento é que inúmeros grupos das mais variadas cores (índios e não índios) se
encontraram em Rio de Janeiro para desvendar as mensagens profundas e ocultas que
nos falam da ineludível tarefa de construir um mundo justo, amoroso e belo onde
cada um de nós podamos ir trás nossos sonhos como meio de alçancar a cura de
nossas almas. Por trás dessas mensagens, poderá haver os mais diversos
mensageiros. Mas, entre eles, sempre haverá um índio.
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Cacique Raoni.
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Um índio, na belíssima versão de Milton Nascimento.
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num
claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das
tecnologias
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé filhos de Ghandi, virá
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio.
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