* Por Oscar Quiroga
Vivemos, sabemos disso, mas ao mesmo tempo sabemos que temos uma impressão distante da Vida, como se esta acontecesse à nossa revelia, ou como se nós, humanos, estivéssemos exilados da natureza, desterrados do paraíso.
É propício, por isso, perguntar, em que momento de nossa história evolutiva perdemos o contato com a Vida que nos anima? Em que condições isto aconteceu? Ora, podemos elaborar complicadíssimas teorias a respeito, mas nada disso nos ajudará, e talvez muito pelo contrário, todas as teorias e elucubrações apenas nos sirvam para cimentar ainda mais nossa ignorância. O assunto agora, seres humanos -e é justamente por isso que me dirijo a vocês na qualidade de seres humanos- é superarmos a estreiteza mental com que consideramos a realidade, passando a focar nossa consciência em tudo que temos em comum.
Essa mania de exílio e de separatividade com que tratamos todos os assuntos da Vida já deu tudo que tinha para dar, já causou todos os sofrimentos e agonias imagináveis e, a partir de agora, teremos de nos apressar para ocupar o lugar merecido, o lugar destinado, o lugar de distribuidores de energia cósmica, fazendo com que nossas presenças se integrem à infinita rede de distribuição de Vida.
Seres humanos, é fantástica a oportunidade que nossa espécie tem em mãos. Esta é disponível, porém, não acontecerá por si só, e é justamente por isso que uma das coisas mais importantes e proveitosas que podemos fazer em benefício do mundo e até de nós mesmos, é parar com essa mania de buscar oráculos para ver o que vai nos acontecer, porque neste momento de nossa história evolutiva importa menos aquilo que nos acontecerá, e muito mais a maneira com que nós mesmos aconteçamos, e por acontecermos, fazer com que as coisas aconteçam também.
Por isso, seres humanos, evitem buscar oráculos para saber o que vai lhes acontecer, dediquem esta mesma busca pelos oráculos para entender melhor qual seria a maneira mais sábia de vocês acontecerem. Enquanto isso, e enquanto nos esforçamos para acontecer, mantenham o foco da consciência absolutamente lúcido a respeito da oportunidade fantástica que nossa espécie tem em mãos, reconhecendo que o único que ainda falta para realmente aproveitar esta oportunidade é recuperar a noção do que é sagrado.
A crise global é espiritual
Seres humanos, enquanto tivermos noção e reverência pelo que for sagrado, tudo continuará indo muito bem, pois ainda que continuemos andando à cegas, sem saber muito bem o que acontece, pelo menos aconteceremos da melhor forma possível, participando de eventos cósmicos a despeito de não sabermos os detalhes deste processo. A reverência pelo sagrado garantirá que tudo que fizermos terá espírito, terá alma, que nossos negócios terão o sopro vital que os transformará de atividades meramente egoístas em exercícios produtores de benefícios para o todo de nossa espécie.

Seres humanos, nós já provamos que somos capazes de executar obras titânicas, mas também provamos que amesquinhamos tudo que fazemos ao separar estas obras do espírito que as anima, e que por ter operado esta separação, a grandeza original se perdeu de vista, aparecendo a miséria em seu lugar. Desafortunadamente, nos moldes da civilização atual, o nosso grande e principal obstáculo na procura de mais espírito são as próprias religiões, que se transformaram em corpos de doutrina morta, sem capacidade de ensinar às pessoas como entrar em contato com o Altíssimo nem tampouco como estabilizar este contato.
Seres humanos, apesar de que as religiões e doutrinas espirituais se dedicaram a demonizar a matéria e também o trabalho dos executivos e governos, continuamente dedicados a encontrar métodos de organização eficientes que produzam maior comércio e finanças saudáveis e prósperas, estes esforços, assim como os da ciência, também representam o advento da Era de Aquário, porém ainda são carentes de ideal e, por isso, mesmo que corretos, não produzem o resultado destinado. A crise que enfrentamos globalmente não é resultado de que no futuro não teremos instituições e governos, esta crise é real justamente porque representa para nós a perspectiva de espiritualizarmos o que até aqui parecia prescindir do espírito.
Alma do negócio
Falta pouco, mas o pouco que falta é o mais importante e, por sê-lo, não admite erros nem mais procrastinações, e se tiver de ser encontrado através da desgraça, assim será. Entendam seres humanos, não há nada de errado no comércio, não há nada de errado na prática de se buscar realizar obras grandiosas e de enriquecer a realidade, porém, há um erro de proporção. Nada disto poderia ser feito sem o sopro divino, sem a alma do negócio, se você tira a alma do negócio, fica apenas uma carcaça mesquinha, que produz miséria no lugar daquilo que se buscava originalmente, prosperidade e felicidade.

Por isso, seres humanos, não desistam, mas pelo contrário, insistam, persistam no caminho da correção, que o verdadeiro problema não está nas limitações do mundo físico, na qualidade de nossos corpos ou nas adversidades de ordem financeira que eventualmente soframos. O verdadeiro problema radica no melhoramento desse ser subjetivo que nós somos, pois é este o nosso destino, superar todas as contrariedades encontrando força e poder no centro do coração, em vez de fazer o que constante e teimosamente fazemos, que é esperar que nossa existência aqui na Terra seja folgada e sem limitações para só então nos dedicarmos ao fortalecimento do vínculo com o espírito.
Este é o nosso erro básico e até que não o saremos nada de novo nunca acontecerá conosco. O melhoramento do ser interno e subjetivo é o verdadeiro destino, a superação de nossas fraquezas, de nossa triste e fraca vontade, da nossa falta de tenacidade na conquista dos propósitos que nós já conseguimos enxergar, mas que ainda tratamos com preguiça e indolência, como se tivéssemos outros assuntos mais importantes do que este para tratar. A respeito de cada problema que enfrentamos no mundo físico nós temos à nossa disposição inúmeros remédios, todos muito eficientes, porém, o verdadeiro problema reside na falta de vontade para colocá-los em prática, pois todos estes representam o domínio da própria natureza e isto não é algo que possa ser atingido de forma automática, como efeito do toque de uma varinha de condão.
Tudo exige disciplina de nossa parte, exige esforço e constância, e principalmente exige uma boa vontade, uma vontade firme que não se apavore quando os primeiros demônios aparecerem, ou que não se deixe seduzir por todas as ilusões que, irremediavelmente, aparecerão no caminho de quem começa a fazer com que sua luz espiritual, aquela que garante a participação nos eventos cósmicos, começa a se irradiar do centro do coração em direção ao mundo, tornando sua presença uma influência marcante.
Que demônios são esses?
Seres humanos, paremos de demonizar a prática dos negócios e a política também, pois a intensa concentração da mente no mundo dos negócios é um exemplo de meditação, de consagração a um objetivo de forma permanente. Apesar de ter se demonizado esta situação desenhando-a como um desperdiço de energia mental, no fundo é um exemplo de dedicação ao processo organizacional que o Plano Cósmico requer para continuar se processando da melhor maneira.
Porém, antes de começar a celebrar como se tudo estivesse correto no mundo materialista, há de se observar que, por enquanto, tudo está bem na sua forma, mas carente de essência, e este detalhe acaba produzindo resultados opostos aos esperados. Busca-se prosperidade, mas acaba se encontrando a miséria. Falta o ideal que vivifique o trabalho executivo das organizações.
Por isso, a oportunidade atual é fantástica, porque nós colocamos em marcha muita coisa e só falta vivificar o mundo com espírito, permitindo que o mundo que inventamos aceite o sopro vital que se encontra disponível, para que a matéria se coloque ao serviço de um ideal superior. Este é um processo que está em andamento individual e coletivamente, da mesma forma com que temos de colocar nossas personalidades físicas à disposição de nosso Eu superior, nós também teremos de colocar à disposição do espírito as instituições mundanas.
A oportunidade disponível é a de dar o próximo passo, melhorar consagrando o intenso esforço que governos e corporações concentram no mundo dos negócios a um ideal superior. Hoje em dia as estruturas estão corretas, do ponto de vista formal, pois foram produzidas por um novo tipo de meditação, diferente da contemplativa, mas não por isso menos eficiente, que é a concentração da mente na organização de negócios e comércio.
Porém, esta estrutura carece de alma, falta alma ao negócio, e o próximo passo disponível é que os humanos de negócios e dos governos recuperem o ideal que proveja com sentido a tudo que já fazem e sabem fazer. Este é o sopro vital que falta, mas que se encontra disponível, é o próximo passo. É fácil dar este próximo passo? Nada é fácil, muito menos fazer com que o dinheiro sirva a um propósito maior do que meramente acumulá-lo.
Porém, há seres humanos de boa vontade espalhados em governos e corporações do mundo inteiro, preparados para fazer esta transmutação de ideais, preparados para devolver a matéria aos seus verdadeiros donos, pois intuem que só assim a verdadeira riqueza acontecerá entre o céu e a terra, já que, inclusive, eles e elas pastaram o suficiente para perceberem que aquela velha frase, aquele chavão dinheiro não compra felicidade era muito mais realista do que se imaginava.
Dinheiro e felicidade só se conjugam na mesma medida em que se consagrar o dinheiro a um ideal elevado, e por isso este dinheiro seja distribuído em vez de simplesmente acumulado. Seres humanos, todos sabemos intimamente que isto é real, que esta verdade precisa ser colocada em marcha, manifesta da melhor forma possível, mas ainda não nos atrevemos a isto, pois nos convencemos de ser impossível deter a voragem do mundo, já que este vai passar por cima de nossas vidas se nos atrevermos a contrariá-lo.
O próximo passo
A este respeito, seres humanos, é importante perceber que nós não devemos buscar a oportunidade de dar esta virada longe do lugar em que nos encontramos, pois esta se encontra disponível onde estamos, na família que constituímos e na vida cotidiana que levamos. Isto vale para todas as pessoas, porém, só as de boa vontade, que estão prestes a transfigurar esta boa vontade em vontade para o bem, terão olhos lúcidos o suficiente para percebê-la, e por isso aproveitá-la também.

A oportunidade será encontrada na atenção dada aos deveres, no esforço empreendido para superar as dificuldades e, principalmente, na íntima aderência ao que é sagrado, pois sem este detalhe nada demais acontecerá com ninguém, e nenhuma oportunidade se revelará. Tudo está certo em sua forma, só falta o espírito fertilizar a forma. Recuperar o sagrado é o passo seguinte, trazer o sagrado de volta para a família, de volta para a vida cotidiana, para o espaço de trabalho, para tudo que parecia estar exilado da participação nos eventos cósmicos.
Aumentem o espaço e tempo sagrado em suas vidas particulares, dentro de suas casas e em todos os relacionamentos de que participarem, percam o pudor de falar abertamente do espírito!
Enquanto isso, sejamos compassivos e compreensivos, pois é natural que, de acordo com os acontecimentos atuais, vejamos os humanos de negócios quebrando a cabeça, já que estão convencidos de que fizeram tudo certo, mas percebem que deu tudo errado. O certo que fizeram foi ter aproveitado a onda cósmica organizacional, consagrando suas mentes e corações ao trabalho executivo de programar com o maior detalhe possível todos os passos que estruturariam a prosperidade material.
Porém, faltou alma ao negócio, os motivos de tão intenso esforço não foram puros o suficiente, pois apesar de que no início de tudo o humano vislumbrou que teria de compartilhar e distribuir os recursos amealhados, na hora de dar este passo falhou, e continuou açambarcando em vez de distribuir. Faltou espírito, faltou alma ao negócio, mas esta oportunidade se torna disponível, agora, mais do que nunca, e só isto importa.
Destruir com cuidado
As grandes organizações de negócios, o mundo do comércio e das finanças, assim como também as comunidades civilizadas, têm ao seu dispor a oportunidade de recuperar a alma que foi exilada no percurso do caminho, já que no início lá estava ela, bela e radiante, na forma do ideal de distribuição de recursos que deu o impulso vital a todos os negócios, governos e até à própria democracia.
Porém, os humanos, por pura tolice, começaram a se convencer de que os recursos amealhados ainda não eram suficientes para ser distribuídos, e assim a alma foi sendo exilada até ser literalmente esquecida. Porém, a alma não esqueceu o processo, e agora retorna, e em seu estandarte vem Shiva, o destruidor de limitações, para que tudo volte ao plano original.
Seres humanos, tenham certeza de que destruiremos tudo que limita o surgimento da verdadeira riqueza, destruiremos tudo que for obstáculo para a evolução, mas teremos de ter sumo cuidado para não nos comprazer com a destruição, pois desta forma cometeríamos o mesmo erro de todos nossos antepassados e perderíamos de vista o sopro vital que anima este momento.
Destruiremos em nome da visão que temos de uma realidade mais pura, sagrada e próspera para a maior quantidade possível de pessoas. Este é o destino, que atingiu seu momentum e não pode mais ser detido. Hora de escolher de que lado você vai querer ficar nesta luta, do lado do passado ou do lado do eterno agora, que é o espírito. Hora de decidir se você vai dar o próximo passoq
* Texto antigo porém assustadoramente atual do astrólogo e bruxo Oscar Quiroga, publicado sob o título O Próximo Passo.
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