
“O comer carne é a sobrevivência da maior brutalidade.
A mudança para o vegetarianismo
é a primeira consequência natural da iluminação”.
Leon Tolstoy
A mudança para o vegetarianismo
é a primeira consequência natural da iluminação”.
Leon Tolstoy
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O cardápio da semana está afixado na Secretaria: bife de seitan (carne de glúten) no forno com batata assada, sopa, salada, pão e
fruta é o menu de sexta-feira. Os mais pequeninos do pré-escolar do Colégio
Adventista de Oliveira do Douro, em Vila Nova de Gaia, Portugal, chegam para o almoço. As
funcionárias ajudam na hora da refeição, alguns trazem comida de casa. Há quem
traga arroz com cogumelos, arroz com feijão preto, rissóis vegetarianos. Nada
do que chega ao estômago é imposto, mas salienta-se os benefícios de uma
alimentação sem carne ou peixe.
A esta cantina chega fruta do
pomar ali ao lado e produtos de hortas comunitárias a dois passos do colégio.
Fritos apenas uma ou duas vezes por mês, no máximo. Organizam-se seminários
para falar do valor nutricional dos alimentos e mostrar como se confecciona uma
refeição sem carne nem peixe. Há campanhas para consumir menos doces e mais fruta. E quando se
fala na roda dos alimentos, lembra-se que também existe a pirâmide da comida
vegetariana, que coloca os cereais na base, frutas e legumes no mesmo patamar,
gorduras vegetais no topo e inclui, na lateral da pirâmide, o exercício físico
e a água.
Uma reportagem do jornal Público, de Portugal, revela que há 42 anos, desde a existência da
escola, que esta cantina só se serve comida vegetariana, ou melhor,
ovolactovegetariana porque são usados ovos, leite, sobretudo de soja, e seus
derivados. A filosofia adventista recomenda este tipo de alimentação e, portanto,
o recente alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o consumo de
carnes processadas e de carnes vermelhas, como “provavelmente” cancerígenos,
não provocou qualquer alteração no dia-a-dia.
Dos 150 alunos, do pré-escolar ao
9.º ano, 70% não são adventistas e nem todos os adventistas são vegetarianos. A
escolha é de cada um. Por dia são servidos entre 70 a 80 almoços na cantina.
Dinis Vasconcelos tem quatro anos, não é adventista, e é parcialmente
vegetariano. Quis trazer comida de casa para experimentar e a mãe preparou-lhe
arroz com açafrão, cenoura, tomate. A irmã Catarina Vasconcelos tem nove anos,
anda no 4.º ano, também é parcialmente vegetariana e vai almoçar rissóis de
queijo e tomate e tarte de coco à sobremesa. “Desde pequenina que como
diferente, já estou habituada”, diz Catarina.
Beatriz Pinhel tem 14 anos e frequenta o colégio desde os três. Há 11
anos que, no período escolar, os seus almoços são vegetarianos. Já se habituou,
não há qualquer problema. Beatriz não é vegetariana, nem adventista. “Apenas
como pratos vegetarianos na escola”, revela, garantindo que é fácil habituar-se
às diferenças. Lá em casa já prefere carnes brancas,
de vez em quando entra bife de vaca, e os pais gostam de saber o que almoça na
escola para diversificar ao jantar. Beatriz aprecia lasanha vegetariana e
destaca os benefícios dos almoços.
“Esta alimentação ajuda-nos a ser mais
saudáveis, ganhamos mais energia e ajuda-nos na concentração”. Mais energia,
como assim? “Quem consome mais carne e fast-food tem tendência a não querer
praticar exercício físico”, responde. Milânio Azevedo, com 15 anos e no 7º ano,
é um dos 13 alunos internos do colégio. Chegou há três anos de Angola, é
adventista, e 90% vegetariano. “Sinceramente, não sinto saudades
da carne. Esta alimentação vegetariana é saudável e permite viver mais tempo”,
observa. As saudades são “da comida da terra”, de Angola.
“A nossa preocupação é a promoção
da saúde”, adianta o diretor do colégio, Samuel de Abreu, vegetariano e
adventista. Os adventistas defendem uma educação holística, em que uma
alimentação mais saudável e sustentável é importante. Ter um cardápio sem carne
nem peixe é uma coisa natural: “É endêmico, faz parte da nossa natureza
enquanto escola”. Alimentação saudável em nome do bem-estar físico e também
psicológico. “O bem-estar físico é fundamental para o desenvolvimento de outras
competências”, refere.
O colégio tem as portas abertas a todos os alunos e não
fez estudos que permitam aferir se esta dieta tem implicações no desempenho
escolar. “Não podemos dizer isso, não excluímos ninguém, trabalhamos com
todos”. Mas ali, à mesa da refeição, alguém lembra que a turma do 9.º ano que
há dois anos frequentou o colégio ficou, no mais recente ranking das escolas,
em segundo lugar em Vila Nova de Gaia e em 28.º a nível nacional.
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